segunda-feira, 2 de maio de 2011

Brincadeiras de rua.

A minha rua era cheia de crianças. Tantos meninos quanto meninas. A minha avó não permitia que eu brincasse com meninos. Ela sempre dizia: “meninos brincam com meninos e meninas com meninas” e é claro que eu como uma boa teimosa que sou sempre dava um jeito de ignorar essa regra. Brincávamos de tudo: pular corda, esconde-esconde, teatrinho, rouba bandeira, anel, elástico (claro que essas duas últimas só para meninas), entre muitas outras.
As brincadeiras só entre meninas geralmente eram mais delicadas. A preferida era boneca fossem elas Barbie ou bebezão só que nunca tínhamos acessórios, roupas ou namorados, pois o Bobi que era o namorado da Barbie (hoje ele se chama Kein) era muito caro e não possuíamos esses maravilhosos cartões de créditos que dividem tudo em 10 suaves prestações. Aí alguém sugeriu que cortássemos as imagens de mulheres da revista Hermes e assim teríamos roupas, namorado, mesa, bolsa, ou seja, uma casa completa. Passávamos horas sendo as mulheres da Hermes. Quando alguém estava de castigo, ou não podia brincar de correr, todos se juntavam em alguma calçada e brincávamos de detetive, vítima e ladrão, adedonha entre outras.
Olho para o tempo que eu era criança, onde toda de tardinha tomava banho e ia para porta, agradeço a minha família por ter tido infância. Por ter brincado muito, vivido num tempo em que jogos eletrônicos eram mais um tipo de brincadeira e não praticamente a única. Tento resgatar e muitas vezes ensinar as crianças que eu convivo essas brincadeiras infantis. Que são inocentes e necessariamente não tem um que ganha e outro que perde. Onde o objetivo no jogo não é bater recorde e sim aproveitar a brincadeira, brincar pela diversão.
No meu tempo de criança a gente botava os patins nos pés e a queda, o baque era quem ensinava a deslizar. Hoje em dia é capacete, joelheira, cotoveleira, luva para finalmente colocar os patins. Ou seja, a criança cansa só em colocar essa aparelhagem toda. Também não estou querendo dizer que equipamentos de segurança sejam ruins, pelo contrário são ótimos. O que quero destacar é a paranoia em torno das brincadeiras das crianças, que tem uma função muito castradora, não pode se sujar, não pode cair etc. e etc. Afinal de contas um pouquinho de mertiolate não faz mal a ninguém.
                                                                                                                 (Postado por Pamela)

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